:: 9/fev/2025 . 13:32
Governo Federal investe na reconstrução de unidades de reciclagem no Rio Grande do Sul
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), firmou convênios com o Banco do Brasil e a Fundação Banco do Brasil para financiar a reconstrução de unidades de triagem de materiais recicláveis no Rio Grande do Sul, afetadas pelas enchentes do ano passado. A cerimônia ocorreu na segunda-feira (5), na Casa do Governo Federal, em Porto Alegre.
Serão investidos R$ 10,8 milhões na aquisição de equipamentos e insumos, além da realização de obras civis e reformas para a retomada das atividades produtivas de 22 empreendimentos de catadores de materiais recicláveis. Segundo Ary Moraes, coordenador-geral de Fomentos da Senaes, desde 2004 a Secretaria mantém parcerias com cooperativas de catadores. “Com apoio da Fundação Banco do Brasil, realizamos um diagnóstico das necessidades das cooperativas e identificamos os equipamentos danificados pelas enchentes”, explicou.
O presidente da Fundação BB, Kleytton Morais, destacou a importância da união de esforços para reconstruir o estado. “Fomos uma das primeiras instituições a atuar na ajuda humanitária e, agora, voltamos para apoiar a reestruturação das unidades de triagem, essenciais para a preservação ambiental”, afirmou.
Durante o evento, a catadora Núbia Vargas dos Santos, presidente da Cooperativa Sepé Tiaraju, de São Sepé, enfatizou a necessidade de mais investimentos e educação ambiental. “Somos os responsáveis pela destinação correta dos resíduos nas cidades, mas seguimos sem voz. Precisamos de mais apoio para continuar nosso trabalho”, declarou, sendo aplaudida pelos presentes.
A parceria entre o MTE, a Senaes, o Banco do Brasil e a Fundação BB reforça o compromisso com a economia solidária e a reconstrução das condições de trabalho dos catadores no estado.
Matéria produzida com informações da Fundação Banco do Brasil
Cerca de 55% dos brasileiros querem reciclar mais em 2025
Refletir sobre alguns hábitos é essencial para que se possa progredir. Quando se fala de contexto climático, evoluir em relação a ações sustentáveis é indispensável para que se busque um maior equilíbrio com o meio ambiente. Mas manter essas práticas parece estar sendo um desafio, uma vez que 56% dos brasileiros entrevistados se avaliaram como pouco comprometidos com ações sustentáveis em 2024. O dado é de um estudo da Descarbonize Soluções, energytech especializada em soluções de energia limpa.
Entre o restante dos respondentes, 35% consideram que foram muito comprometidos com práticas ambientais ao longo do ano, e 9% admitem não terem sido nem um pouco comprometidos. Os números demonstram que praticar ações sustentáveis ainda não é a prioridade de grande parte da população, e que mesmo com as amplas discussões sobre a importância de se preservar o meio ambiente, é difícil trazer essas práticas para o dia a dia.
A 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16), que aconteceu entre outubro e novembro de 2024, reuniu representantes de quase 200 países, o que reforça a importância da participação de todos nas causas ambientais — sejam nas ações coletivas ou individuais.
Retrospectiva
Mesmo que não avaliem sua participação como muito ativa ao longo do último ano, algumas atitudes que colaboram para o meio ambiente estiveram presentes na vida dos entrevistados. Neste cenário, a ação sustentável mais praticada em 2024 foi a busca pelo não desperdício de água (71%). Na sequência, aparecem a procura pelo não desperdício de energia (66%); a reciclagem correta do lixo (53%), e a redução do consumo de plástico.
A busca do brasileiro em desperdiçar menos água vai ao encontro de um momento em que o Brasil também registrou uma queda no desperdício de água em 2024, marco que pôde ser percebido pela primeira vez em sete anos, conforme dados do Instituto Trata Brasil. Mesmo que 37,78% de toda a água tratada do país não tenha chegado aos lares dos consumidores — volume que poderia abastecer a população de toda a Região Nordeste —, o número foi menor que o registrado no ano anterior, que havia ultrapassado os 40%.
Segundo Milena Andrade, gerente de marketing da Descarbonize, pode-se perceber um movimento gradual de melhoria em relação às questões ambientais, mas não se pode parar por aqui.
“Muito ainda precisa ser feito, especialmente nos âmbitos políticos e empresariais, mas são essas esferas que irão servir de exemplo para toda a população, apresentando resultados e trazendo informação. A virada de ano também deve ser um momento de reflexão para esses setores. Na esfera individual, traçar novos hábitos e adicionar algumas mudanças sustentáveis na lista de metas certamente trará resultados positivos de forma individual e coletiva”, afirma.
População e poder público
Mesmo que a atuação em questões ecológicas não tenha sido tão presente na vida dos entrevistados ao longo de 2024, existe o desejo de ser mais engajado em 2025. Entre as práticas sustentáveis, a que os brasileiros mais gostariam de adotar neste ano é a reciclagem e o reuso de descartes, conforme indicado por 55% dos respondentes da pesquisa.
Nessa hora, é importante destacar que essa vontade não depende apenas do esforço individual. É fundamental que as políticas públicas estejam alinhadas a esse objetivo, algo em que o Brasil precisa avançar. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostram que apenas 3% dos resíduos sólidos urbanos no país são reciclados, apesar do potencial de 33% de todo o lixo produzido ser reciclável.
“A autocrítica sobre a responsabilidade ambiental é indispensável. No entanto, é fundamental que a população seja incentivada pelo poder público e por demais atores sociais envolvidos com a economia verde. As pessoas precisam se enxergar como parte de um todo para se engajar em práticas sustentáveis. É essencial que se reconheçam como agentes de mudança, mas também que sintam o apoio de um sistema que promova essa cultura, com incentivos vindos de políticas públicas, empresas, associações e ONGs”, completa Andrade.
Outras ações que os entrevistados desejam ter mais presente em suas vidas são a redução do consumo de plástico (51%); redução do consumo de energia elétrica (46%), e a redução do consumo de água (45%).
2025: um marco para ações sustentáveis em prol do meio ambiente
As mudanças climáticas permanecem como uma das maiores ameaças globais, e o ano de 2025 simboliza um ponto crucial em nossa busca por soluções sustentáveis. Eventos extremos, como ondas de calor mais intensas, tempestades frequentes e a aceleração do derretimento do gelo polar, entre outros, são sinais claros de que o tempo para agir está se esgotando. No cenário brasileiro, a situação é alarmante, pois o país está entre os dez maiores emissores de dióxido de carbono (CO2), de acordo com dados de 2022 da plataforma Climate Watch, do instituto de pesquisa WRI.
Diante dessa realidade, é essencial discutir o tema de maneira a procurar por soluções, mesmo que a longo prazo. Para isso, podemos citar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que ocorrerá este ano no Brasil com o objetivo de debater medidas para o combate das crises climáticas. Afinal, pesquisa da PwC Brasil e do Instituto Locomotiva revela que 81% da população brasileira enfrentou fenômenos associados às mudanças climáticas nos últimos cinco anos, destacando a urgência e relevância de ações como a reciclagem de produtos pós-consumo para mitigar emissões de gases de efeito estufa (GEE), que deve estar em pauta no evento, assim como a adoção de estratégias que reduzam os impactos ambientais, a proteção de recursos naturais e o impulsionamento da economia circular.
Sobre a reciclagem especificamente, ela desempenha papel central no combate a essas transformações. Enquanto a produção de materiais a partir de matérias-primas virgens é altamente intensiva em energia e frequentemente depende de combustíveis fósseis, o que gera grandes volumes de emissões de carbono, a reciclagem consome consideravelmente menos energia e torna-se uma alternativa mais sustentável e eficaz na mitigação dos impactos no meio ambiente.
Esse processo reduz o encaminhamento de resíduos para aterros, o que ajuda a diminuir emissões nocivas, como o metano liberado pela decomposição de materiais orgânicos. Um exemplo disso é a reciclagem de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que evita que substâncias tóxicas, como metais pesados presentes em seus componentes, contaminem o solo e a água. Além disso, preserva recursos naturais ao reaproveitar cobre, alumínio e plástico, por exemplo, reduz a necessidade de mineração e desmatamento, e protege ecossistemas e a biodiversidade.
Vale lembrar também que a reciclagem é um pilar fundamental na economia circular, que substitui o modelo linear de “extrair, produzir e descartar” por uma abordagem mais sustentável, baseada na reutilização, renovação e regeneração de recursos. Nesse sistema, resíduos deixam de ser um problema para se tornarem oportunidades, alimentam novos ciclos produtivos, reduzem a extração de matérias-primas e promovem a eficiência no uso de materiais.
Apesar de todo o potencial da reciclagem, seu impacto real depende de um esforço coletivo que envolve governos, empresas e cidadãos. Políticas públicas bem estruturadas, como a ampliação de programas de logística reversa e incentivos à reciclagem, são essenciais para construir infraestruturas que facilitem o acesso da população ao descarte adequado.
Do lado das organizações, a adoção de práticas mais sustentáveis, incluindo a manufatura de produtos com materiais reciclados e a implementação de sistemas de gestão ambiental, é importante para alinhar o setor privado às metas climáticas globais. Já para os cidadãos, a conscientização e a adoção de hábitos de consumo mais responsáveis representam um passo necessário para fechar o ciclo da economia circular.
O ano de 2025 exige que avancemos de forma decisiva na luta contra as mudanças climáticas, e a reciclagem se mostra como uma peça-chave nesse processo. Mais que uma alternativa, ela é uma necessidade urgente, capaz de reduzir emissões, preservar ecossistemas e redefinir nossa relação com os recursos do planeta. Para alcançar um futuro sustentável, será preciso alinhar ações individuais, decisões corporativas e políticas governamentais em um esforço conjunto e coordenado.
*Robson Esteves
Presidente da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.
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